O Julho das Pretas a Educação de Camaçari:O que uma coisa tem a ver com a outra?
Julho das Pretas é um mês de celebração e reflexão sobre a resistência e a luta das mulheres negras. Este período é dedicado à valorização de suas contribuições, à promoção de seus direitos e à conscientização sobre as injustiças que ainda enfrentam no seu cotidiano. Dentro deste contexto, a comunidade quilombola de Camaçari, destaca-se como um exemplo vibrante da força, resistência e da resiliência das mulheres negras. Camaçari é uma cidade rica em história e cultura afro-brasileira, sendo lar de várias comunidades quilombolas. Hoje, elas continuam a preservar e promover suas tradições, cultura e modos de vida ancestrais. Contudo, há um longo caminho a percorrer.
Valorizar as mulheres negras e enaltecer sua história e cultura neste território, dialoga diretamente com a reconstrução da nossa história de forma positivada dando visibilidade a influência e trabalho das mulheres quilombolas na construção do nosso pais e nessa caminhada, destaca-se o papel de grande relevância da Educação A saber, a Educação Escolar Quilombola, esta que é uma modalidade de ensino destinada especificamente às comunidades quilombolas, reconhecidas por sua importância histórica e cultural no Brasil.
A educação escolar quilombola visa atender às necessidades educacionais desses grupos, respeitando suas especificidades culturais, históricas e sociais baseiando-se em princípios que reconhecem e valorizam a identidade, a cultura e a história das comunidades quilombolas. A EEQ (Educação Escola Quilombola) busca proporcionar uma formação integral, contextualizada e emancipadora, alinhanda aspectos, como: Valorização da Cultura e Identidade Quilombola, Currículo Contextualizado Participação Comunitária e Formação de Educadores.
Deste modo, atingiremos os principais objetivos da EEQ, ao Garantir o Direito à Educação do seu povo, assegurando o acesso e a permanência das crianças e jovens quilombolas na escola, promovendo a equidade e a inclusão educacional, bem como, combatendo a evasão escolar e avanços na qualidade do ensino nas comunidades quilombolas:
Ao Promover a Igualdade e a Justiça Social ao contribuir para a redução das desigualdades educacionais, sociais e econômicas enfrentadas pelas comunidades quilombolas.
Ao Fortalecer a autoestima e a identidade das crianças e jovens quilombolas, é papel da escola e se faz empoderando-os para que se tornem agentes de transformação em suas comunidades.
Ao Resgatar e Preservar a História e a Cultura Quilombola, garantindo que a história e a cultura quilombola sejam reconhecidas, valorizadas e preservadas dentro do ambiente escolar, bem como fomentar o conhecimento e o respeito pela contribuição das comunidades quilombolas para a sociedade brasileira.
Embora a Educação Escolar Quilombola represente um avanço significativo na promoção da equidade e da inclusão, ela ainda enfrenta diversos desafios, mas destaco alguns desafios mais urgentes para a transformação da realidade dos nossos estudantes.
1. Infraestrutura e Recursos, as escolas ainda carecem de infraestrutura adequada, recursos pedagógicos e materiais didáticos específicos bem como o investimento em melhorias físicas e tecnológicas que é fundamental para proporcionar um ambiente de aprendizagem adequado se apresenta de forma a não atender a totalidade dos estudantes.
2. Formação de Educadores, incentivar programas de formação que abordem a história e a cultura afro-brasileira de maneira mais aprofundada e específica.
3. Políticas Públicas, é necessário fortalecer e implementar políticas públicas que garantam o direito à educação de qualidade para as comunidades quilombolas. A articulação entre diferentes níveis de governo e a participação ativa das comunidades na luta pelos seus direitos são fundamentais para o sucesso dessas políticas.
A Educação Escolar Quilombola é um instrumento poderoso de transformação social, que reconhece e valoriza a diversidade cultural e histórica das comunidades quilombolas. Ela promove a inclusão, a igualdade e o respeito pelos direitos humanos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Ao investir na educação quilombola, estamos investindo no futuro e na preservação da rica herança cultural do Brasil. Não se faz educação inclusiva e com justiça curricular e social sem pensar e Educação Escolar Quilombola sob esses pontos.
Ana Carla Fagundes de Carvalho | Secretária de Finanças – Sispec | Secretária de Combate ao Racismo – CUT BA
