Marcha das Mulheres Negras acontece em Brasília, e reforça a luta por reparação.
Brasília amanheceu diferente nesta terça-feira (25).

As ruas da capital federal foram tomadas pela força política, sindical e ancestral da Marcha das Mulheres Negras 2025, que reuniu milhares de mulheres de todo o país para reafirmar o compromisso com o bem viver, a reparação histórica e a construção de um Brasil verdadeiramente democrático e sem racismo.
Entre os movimentos presentes, professoras de todo Brasil fortaleceram e marcaram presença com firmeza, assumindo o lugar que sempre lhes pertenceu: o de educadoras e educadores que formam consciência, constroem cidadania e não abrem mão do direito de lutar por dignidade.
Organizada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) e redes de mulheres de várias regiões, a marcha celebrou uma década desde sua última edição nacional.
O tema central Reparação e Bem Viver, ecoou nas ruas como um chamado urgente para enfrentar desigualdades estruturais e denunciar a violência que atinge majoritariamente mulheres negras, suas famílias e suas comunidades.
Foi um ato de afirmação política e potência coletiva. SIM, NÓS PODEMOS!
Cantos, cartazes, tambores e reflexões profundas lembraram ao Brasil que democracia não existe sem mulheres negras vivas, respeitadas e decidindo os rumos do país.
Um ponto forte se apresenta quando educadores de todo Brasil coloca a educação sem racismo no centro do debate para assegurar a justiça racial na educação e no nas diversas frentes da sociedade.
"Não há justiça racial sem educação pública forte."
E não há educação pública forte quando os profissionais que a sustentam vivem sob desvalorização, adoecimento e ataques à carreira. Destaca a professora Ana Carla Fagundes, diretora financeira do Sispec e Secretária de Combate ao Racismo da CUT Bahia que se fez presente com uma forte delegação Bahiana apresentando suas pautas.
Para a categoria, a defesa do bem viver passa diretamente pela reconstrução do Plano de Carreira destruído nos últimos anos em Camaçari, e pela resistência contra a Reforma Administrativa, que ameaça desmontar o serviço público em todo o país.
"Reparação para nós também significa recompor carreiras, garantir salário digno, respeitar quem educa e impedir que retrocessos como a Reforma Administrativa destruam a escola pública." Destaca a professora Aposentada Margarida Alves
Essa presença política qualifica o debate público e reforça que educação e antirracismo não se separam: são agendas que caminham juntas, porque foram as professoras negras que sempre sustentaram saberes, cultura e resistência nas periferias de todo o Brasil.
A participação maciça de professores na Marcha, simboliza um movimento maior: o de transformar indignação em organização, e organização em mudança concreta.
Unindo-se a demais professores da CNTE que esteve em forte representação, destacou-se que a luta por reparação não se limita ao passado.
Ela diz respeito ao agora, ao direito de ter:
• escolas que acolhem e não adoecem professores,
• políticas de valorização que permitam viver com dignidade,
• currículos que contem a história do povo negro com verdade e protagonismo,
• oportunidades reais de acesso ao trabalho, cultura, esporte e tecnologia.
Nessa perspectiva, estar em Brasília foi afirmar que não há bem viver possível sem combate à desigualdade racial dentro da escola e do serviço público.
A marcha reafirmou que reparação é política pública, é investimento, é salário digno, é carreira reconstruída.
E que cada passo dado em Brasília é também um passo dado por uma Camaçari mais justa e mais consciente da sua responsabilidade histórica.
